Marta Robin, A Grande Mística


Marta Robin, Mística 

Em Châteauneuf-de-Galaure, onde nasceu, viveu e morreu, cega e paralisada, Marta se alimentava de um alimento apenas : a sagrada Eucaristia. Em 1936, ela pediu, “da parte de Deus”, a um sacerdote de Lyon, o Padre Finet, que fosse fundado o primeiro “Foyer de Charité” (Lar de Caridade). Com o tempo, mais de sessenta foram fundados, no mundo inteiro.
Aos vinte anos de idade, Marta se sente chamada, a exemplo dos grandes místicos, a oferecer sua vida “pela conversão dos pecadores e a santificação das almas”. Descobrindo sua particular vocação ao sofrimento, ela redige uma carta estipulando seu total abandono a Deus. É quando, então, a paralisia toma conta dela, trazendo consigo sofrimentos indescritíveis.
Como acontece a todos os grandes mártires, é preciso que a noção de sacrifício seja abordada não como o fruto de uma vontade divina, mas como um dom de Amor livremente escolhido pelo místico, uma oferta de todo o seu ser para tomar sobre si a negatividade do mundo a ponto de ser, por isso, mutilado física e moralmente.

Durante uma visão, Marta recebe os estigmas de Cristo, uma espécie de confirmação da sua vocação. Todas as sextas-feiras, ela revivia a Paixão de Jesus Cristo e vivenciava o maior dos sofrimentos: o supremo abandono resultante da falta de Amor por parte da humanidade. Um vazio que ela, a cada crucificação, conseguia preencher com o Amor de Deus. Por isso, Marta dizia: “O sofrimento é a escola incomparável do verdadeiro Amor.”
Apesar da paralisia que progride incessantemente, Marta redige suas reflexões, mantém correspondências, recebe visitas sempre mais numerosas às quais ela oferece o gosto do esforço e da ressurreição permanentes. “Toda alma é um Getsêmani onde cada um deve beber, em silêncio, o cálice da sua própria vida”, dizia.
Em 1936, ela convida, “da parte de Deus”, o Padre Finet a iniciar um “Lar de Caridade, de Luz e de Amor” para a realização de retiros espirituais, o primeiro de inúmeros. Atualmente, estas comunidades “acolhem e congregam homens e mulheres que, a exemplo dos primeiros cristãos, partilham comunitariamente seus bens materiais, intelectuais e espirituais.”
Além dos sofrimentos que não cessam de aumentar, Marta sofre também implacáveis perseguições demoníacas, após as quais ela é encontrada ferida e vertendo lágrimas de sangue; um demônio que procurava, segundo ela, fazê-la crer que seu sofrimento não servia de nada. Vivificada, porém, pelo Amor incondicional que a anima, e encorajada pelas aparições regulares da Virgem Maria, ela nunca renunciou à sua vocação. Após sua última entrega de sacrifício, a visão, Marta permanecerá mais de cinqüenta anos deitada, sem dormir, sem beber e apenas se alimentando da Eucaristia.
 “Esquecendo-me de mim mesma, eu quero fazer com que Deus seja amado por todas as almas, doando-me por todos incessantemente e sem medidas, doar-me, doar-me sempre...” dizia Marta Robin, sem dúvida uma das maiores místicas e mártires do nosso tempo. Na mais total discrição e humildade ela vivenciou o seu sofrimento, fruto amargo da nossa negatividade que ela purificou pelo poder do seu Amor. Como não nos conscientizarmos das nossas insuficiências diante de tanta abnegação? Não podemos desejar senão carregarmos nossas próprias cruzes com o máximo de perseverança e de Amor, afirmando todos os dias como Marta: “Elevar-se é tudo superar e se superar incessantemente.”

Marta Robin se tornou conhecida depois que o famoso e ilustre escritor e filósofo Jean Guitton escreveu o livro "A Jornada Imóvel". O grande filósofo Jean Guitton, recordando o seu encontro com a vidente, escreveu um impactante testemunho:

“Encontrei-me naquele quarto escuro, apresentado a Marta por uma das mentes mais contestatórias do nosso tempo: o médico de Anatole France, o Doutor Couchourd, discípulo de Alfred Loisy e diretor de uma coleção de livros anticristãos. Desde o primeiro encontro com Marta Robin, entendi que ela seria para mim uma “irmã na caridade”, como sempre o foi para milhares de visitantes. Era uma camponesa dos campos franceses, que por trinta anos não ingeriu nem comida, nem bebida; nutria-se somente da Eucaristia e cada sexta-feira revivia, com os estigmas, as dores da Paixão de Jesus. Uma mulher que talvez foi a pessoa mais estranha, extraordinária e desconcertante da nossa época, mas que justamente no século da televisão permaneceu desconhecida ao público, sepultada no mais profundo silêncio...”.
Efetivamente, além dos fenômenos místicos extraordinários, a obra evangelizadora que Marta levou adiante foi realmente muito significativa, apesar das suas precárias condições. Graças à ajuda do Padre Finet, seu diretor espiritual, fundou sessenta “Foyers de Lumiére, de Charité et d’Amour” espalhados pelo mundo todo.

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